quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Crise e Publicidade

   É a toda a hora em todos os lugares. Na rua já só se discute política, toda a gente anda revoltada. Tornou-se uma virgula. Nas notícias prevalecem os mercados internacionais, o orçamento de estado, os cortes, a crise, a criminalidade a aumentar a olhos vistos...
   De resto é a publicidade das empresas superpoderosas que dominaram o mundo, ou pelo menos Portugal. São hoooooras de publicidade na tv, cartazes espalhados por todos os lugares, a caixa do correio a transbordar desse lixo que vai directamente para o ecoponto, o blogs e sites cheios de publicidade, o facebook, o e-mail, e como se não bastasse isso, no outro dia fui ao cinema, paguei bilhete e estive sentada meia-hora a ver PUBLICIDADE!!! E não era publicidade de cinema, era mesmo EDP, BP gás, Vodafone, Optimus... É um abuso total! Paguei 20 e tal euros por dois bilhetes de adulto (já com desconto de cartão jovem)e um de criança para pagar a merda da publicidade!!!! Já não aguento mais isto!
   Tenho saudades dos tempos em que me sentava a ver tv e havia 10 ou 15 minutos de publicidade (que não era repetida taaaaantas vezes!) e voltava a ver o meu programa descansadinha da vida como se nada tivesse sido. Sou brutalmente agredida diáriamente com publicidade. E de vez em quando aparecem aqueles anuncios particularmente irritantes que me fazem correr desesperadamente para alcançar o comando e colocar em Mute.
   Neste momento sinto-me cansada, ás vezes chego a ponto de apagar a televisão porque estou farta!!! Sinto-me como no filme 1984, é muita lavagem cerebral junta. Não basta a pressão dos horários de trabalho, da "obediência" que "devemos" aos patrões e ao estado que quase sempre acham que são nossos donos, de passarmos o dia longe dos que gostamos, do salário que nunca chega para fazermos o que gostamos, das pessoas que não mandamos à fava só para não perdermos a razão, dos prazos limites de pagamento (curiosamente ainda não foi inventado o prazo limite de recebimento, porque será?) e de tudo o que nos é imposto.
   Ontem à noite saí a correr do café e saltei em cima das poças de água. Soube tão bem! A minha filha saiu a correr atrás de mim e a fazer o mesmo, rimo-nos que nem umas malucas :D Nunca o faço para não ficar com os pés molhados, para não sujar o chão de casa, para não ter frio, para... Chega! E quando é que vai chegar a hora de fazermos o que gostamos???
A ver bem:
* quando somos crianças só fazemos o que os pais deixam.
* na adolescência pomos o pé na argola de vez em quando, mas por norma somos castigados.
* já somos adultos e vivemos na nossa casa? temos de trabalhar, temos os filhos para cuidar.
* meia idade? até parece mal fazer maluqueiras. e temos de guardar os tostões todos para podermos ajudar os filhos.
* já somos velhos e já estamos reformados? além da reforma ser uma miséria que deixamos mensalmente na farmácia ainda temos as dores, as idas ao hospital, as consultas, os exames...

   Quando é que podemos então pensar em nós e ser felizes?
Sempre que houver uma oportunidade, nem que seja ínfima. É do tipo: sempre que houver uma pequena brecha, é esgueirarmo-nos e espremermo-nos para caber lá.
É deixar a apatia no sofá e fugir dela a sete pés!!!!! É desligar a tv e ligar o som bastante alto, esquecermos que existimos e porque existimos. Saltar e andar de baloiço quando nos apetece, mesmo que o guarda do jardim nos volte a dizer que é só para pessoas até aos 14 anos.
É deixar o telefone tocar um bom bocado e só depois decidir se queremos atender. E se for o ingrato do chefe, mandá-lo àquela parte sem que ele oiça. Vezes e vezes sem conta. Lolol, que palhaço!
É exagerar se quisermos e gostarmos! Saltos de 14 cms? Claro! Porque não? Ah, cansam as pernas? Não faz mal, porque a nossa auto-estima sobe vários andares e temos sempre os ténis para recuperar!
Chocolate? Venha ele, faz-me tão feliz!!!!

   Na Wikipédia lê-se: "No século XVIII foi aliás Portugal a tomar a dianteira na abolição da escravatura. Decorria o Reinado de D. José I quando, em 12 de Fevereiro de 1761, esta foi abolida pelo Marquês de Pombal no Reino/Metrópole e na Índia." Por isso, meus amigos e minhas amigas: a escravatura acabou. Não sei porque não temos essa sensação, mas está na altura de nos consciencializarmos disso.

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